RUA ESTREITA / MEMÓRIAS DISTANTES
Igor Mendes - 09 de março de 2024
Sempre preferi caminhar por ruas menos movimentadas, não sei ao certo o motivo, possibilidade de ver onde as formigas estão, mais folhas caídas para observar, ausência de céleres e calorosas pessoas rumando em direção a seu próximo local de insatisfação, talvez todos os motivos, talvez nenhum deles.
É durante essas fugas de estradas movimentadas, fazendo zigue-zague entre vias que normalmente as encontro.
As árvores e até mesmo as bitucas de cigarro costumam parecer mais poéticas quando estão em ruas estreitas.
Elas me concedem permissão para enfraquecer os passos e esquecer do tempo.
Uma espécie de vertigem toma minha mente quando adentro uma delas, e logo após, alívio.
Mesmo quando estou com a mente envolta a fumaça consigo praticar algo que chamo de memórias distantes, olhar para uma janela e recordar de tudo que não foi vivido.
Até mesmo o soprar dos espíritos do vento, é reconfortante, e a chuva, acolhedora.